segunda-feira, 28 de julho de 2008

Carta I

Deixe-me te contar em como estive pensando, que nós seres humanos, temos uma demasia capacidade de sermos ridículos e melosos. Imagino eu que já estava amanhecendo quando me peguei pensando em você e nessa de me apaixonar. Você sempre chega assim em pensamento, me invadindo por dentro, bem no meio da madrugada ou no final dela, nunca sei. E é tão fascinante se gostar assim de alguém.
Fiquei pensando que se apaixonar é meio assim: Você se arruma várias vezes, até mesmo muito antes da hora do encontro e fica angustiado com a hora que não passa, perde as contas de quantas vezes já se perfumou antes de sair, e mente para si mesmo que se esqueceu de passar o perfume, só para passar pelo menos mais um “gole” e esperar lá no fundo que a pessoa diga como está bom o seu cheiro. Se apaixonar é se encontrar com a pessoa e não conseguir conter um sorriso a cada momento que olha para ela, não precisa ser nos olhos, nem diretamente no rosto, mas meio que na encolha reparar as mãos, os pés dando seus passos pela rua e você pensa que um dia aqueles passos serão em sua direção, olhar até mesmo o movimento dos braços indo e voltando enquanto ela caminha, te hipnotizando, te deixando bobo por estar ali, olhar os cabelos e pensar que é o mais lindo que já viu.
Estar apaixonado é, enquanto está nesse passeio, aterrorizar os ponteiros do relógio rodando e rodando, com medo da hora de ir embora, você tem vontade de ficar ali pra sempre, naquele vai-e-vem dos braços e quadris, observando cada detalhe, um olhar distante, uma conversa que você nem entende de tão fascinado que está, mas dá um sorriso a ela balançando a cabeça ou fazendo alguma brincadeirinha. E quando chega a terrível hora de partir, você fica parado ali no ponto com ela, torcendo pelo ônibus demorar um pouquinho mais e quando pega-lo, ficar feliz com um engarrafamento daqueles.
É mais ou menos assim que fico, quando encontro você. Mas calma, ainda tem àquela hora em que você desce no ponto antes de mim.
Pois é, essa hora é bem amarga, embora doce. Ali está seu ponto, é aquele e não tem mais jeito, e meu coração fica tristinho, porém, satisfeito por ter passado o dia ao seu lado. E é assim: Estar apaixonado é olhar a pessoa levantando do banco ao seu lado, e você torcer para ela te dar um beijo e um abraço, e logo ficar observando-a andando pelo corredor e descendo em seu destino. A paixão é tanta, que o ônibus segue seu rumo e ainda assim, você levanta para olhar a pessoa indo embora enquanto o motorista sem culpa nenhuma te leva embora para longe, contudo você ainda dá uma virada de pescoço espetacular para vê-la, até a última pontinha de carne e osso, pelo menos um pedaço de roupa da pessoa, aquela que você acha a mais linda do mundo, mesmo com uma espinha grotesca no meio da cara, o uma roupa suja, largada, essas coisas, pode ser deveras grosseiro dizer isso, mas você me entende?
É bem desse jeito que sou inegavelmente apaixonado por você, pode ser brega, banal e demais estúpido, mas é dessa forma que quero continuar hipnotizado por você, mesmo você não sabendo nada disso. Só queria dizer que te amo e te deixa um eterno beijo, até a próxima.